17 novembro, 2020

Globalização e comunicação: a dificuldade da sobrevivência das línguas locais.



 



A comunicação é parte essencial da relação entre seres humanos, e a língua é uma forma indispensável de comunicação, seja ela verbal, escrita ou de sinais. Estima-se, de acordo com a UNESCO, que existem mais de 7.000 línguas no planeta Terra. Este número está em constante mudança pois a língua é viva e dinâmica, e a mesma é falada por pessoas, cuja vida é moldada por uma mundo globalizado.

Uma parte significativa dessas línguas estão ameaçadas de extinção devido ao processo de globalização que vem crescendo a cada ano. Essa extinção não é nova. Desde os tempos das colonizações que o desaparecimento de línguas nativas acontece e o uso da língua do colonizador se torna predominante, como aconteceu na Irlanda onde o irlandês, apesar de ainda ser ensinado nas escolas, não é a língua de comunicação oficial entre as pessoas. Outro exemplo, mais próximo, é o Brasil, onde muitas línguas indígenas foram extintas e outras dessas línguas poucas pessoas possuem conhecimento, e ao contrário da Irlanda, essas línguas indígenas não são ensinadas nas escolas fora das aldeias. 

O desaparecimento de uma língua nativa é visto como um problema, pois uma língua não carrega somente o peso de proporcionar às pessoas a eficácia de uma comunicação, mas carrega traços culturais, mitológicos, científicos e valores de um determinado povo. Quando a língua de um povo desaparece, desaparece junto com ela toda uma história e tradição de uma sociedade na qual se torna refém de uma outra cultura. Alguns estudiosos chamam esse processo de epistemicídio, quando a ação dominadora de um povo interfere na produção e reprodução da vida e destrói culturas, saberes e crenças. Desde o início do processo de colonização, epistemicídios acontecem em todo o planeta, muitas vezes pautados no discurso de “progresso”.

Em muitos lugares, durante o processo de colonização, as línguas nativas e do colonizador produziram novas formas de comunicação. O português falado no Brasil, por exemplo, tem influência de línguas indígenas e africanas e possui especificidades em relação ao português falado em Portugal ou em Moçambique. Isso ocorre em vários países que passaram por processo de colonização. Além disso, a língua é marcada por regionalismos dentro do próprio país. 

Muitas palavras da própria língua portuguesa se perderam ao longo dos anos, no entanto, no interior do país as observamos no modo de se comunicar das pessoas de determinadas regiões, essas palavras pertencem ao chamado português antigo, ou arcaico. Em geral, encontram-se ligadas a características da cultura local e aparecem em manifestações festivas tradicionais. Para os habitantes dos grandes centros urbanos, algumas dessas palavras soam estranhas ou até desconhecidas. O grande escritor Guimarães Rosa utilizou esse vocabulário em sua obra literária e a partir deles criou novas palavras, como no exemplo abaixo:

“Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas.”

http://obviousmag.org/a_procura_da_poesia/2017/passagens-de-amor-e-odio-em-grande-sertao-veredas.html#ixzz6dVzrmONW Acesso em 11 de nov 2020.


Para saber mais sobre as contribuições indígenas e africanas no português brasileiro, acesse os seguintes site: 

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