23 outubro, 2020

Novos olhares sobre a velhice


Vocês sabiam que o Estatuto do Idoso, como é conhecida a Lei 10.741/2003, está completando 16 anos neste mês de outubro? A Lei foi criada com o objetivo de assegurar direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Para tanto, aborda questões familiares, de saúde, discriminação e violência contra o idoso. Daí, nos perguntamos: essa lei é necessária mesmo? Não aprendemos desde criança que devemos cuidar dos mais velhos e respeitá-los? Infelizmente, a resposta é não, muitos ainda não aprenderam a cuidar dos idosos e, por isso, a sociedade necessita, sim, de uma lei que faça com que alguns indivíduos cumpram seu dever.

No Brasil, de acordo com dados do Disque 100 (Disque Direitos Humanos) de 2019, a negligência, a violência psicológica e o abuso financeiro e econômico estão entre os tipos de violência mais praticados contra as pessoas idosas. Em 2020, com a pandemia do novo Coronavírus, as denúncias de violações contra essa parcela da população têm aumentado, haja vista que, na maioria dos casos, a violência contra a pessoa idosa é praticada por alguém da família como filhos, netos, genros ou noras e sobrinhos. Diante disso, precisamos ficar atentos e denunciar essas atitudes a fim de proteger nossos idosos.

Enquanto nossos idosos, além de serem protegidos contra a Covid-19, ainda têm que ser protegidos, em alguns casos, da própria família. Os povos indígenas lutam para afastar o vírus de suas aldeias, pois ele é uma ameaça, principalmente, às pessoas detentoras de grandes conhecimentos: os idosos. Para os indígenas jovens quando um ancião morre, vai com ele toda uma história.

No artigo “Um olhar sobre o envelhecer numa aldeia indígena”, publicado pela pesquisadora Marisa Marcela Herrero, que é responsável pelo Programa Povos Indígenas do Sesc São Paulo, a autora  visitou durante 20 anos, 55 aldeias indígenas e, apesar da incrível variedade de povos, observa pontos em comum entre elas. Conforme dados apresentados no artigo, os indígenas envelhecem bem devido à alimentação, livre de sal, açúcar e óleos; por viverem em um ambiente saudável, sem venenos, sem lixo e sem poluição; pela intensa atividade física, pois o dia começa cedo e as atividades vão até o escurecer e, principalmente, pela forma como é a vida comunitária. Nas aldeias indígenas visitadas, não há classes sociais como na nossa sociedade, ou seja, todos recebem o mesmo tratamento, têm os mesmos direitos. Os idosos são os guardiões e os transmissores dos valores, da identidade cultural, das tradições. “O velho indígena é fundamental para a sobrevivência e a continuidade desses povos”.

Quando a pesquisadora perguntou a alguns anciãos sobre os momentos mais tristes e mais felizes de suas vidas, as respostas se referiam a momentos coletivos, episódios que marcaram a vida da aldeia e não a vida individual. Dessa forma, percebemos o quanto um idoso se sente participante da vida na comunidade. “Eles nunca representam um fardo a ser carregado pelos mais jovens, eles e elas formam parte indispensável do tecido social de seus povos.” Vale lembrar que, para os indígenas a morte faz parte da vida, contudo a ameaça representada pelo vírus assusta, principalmente, por ser mais grave para os idosos.

Em relação à convivência com os idosos, nossa sociedade tem muito que aprender com os povos indígenas. Precisamos aprender sobre respeito e cuidado. Aprender a ouvir nossos idosos para conhecer nosso passado e valorizar nossas raízes. Quem sabe, se mudarmos nossa forma de olhar a velhice, no futuro, não mais precisemos de leis para nos lembrar de nossas obrigações. 


 Fontes:

https://www.sescsp.org.br/files/artigo/ccc8e42f/0869/422c/bfe7/2ac171474ede.pdf


Agora que você terminou de ler o texto, mãos à obra! É hora de deixar seu comentário. Escreva um pequeno texto falando sobre a importância do estatuto do idoso, e sobre as principais diferenças entre a forma como nós tratamos nossos idosos e a forma como as culturas indígenas os tratam.


4 comentários:

  1. O estatuto do idoso e lei desde 2003 e foi uma grande Vitória paras os companheiros (as), afinal, define medidas de proteção às pessoas com 60 anos ou mais. O texto determina os direitos dos idosos, as obrigações das entidades assistenciais e estabelece penalidades para diversas situações de desrespeito aos idosos .
    Nos não tratamos os idosos como alguém sabio pelo contrário nós tratamos os idosos como pessoa que não sebem muitas coisas , já os indígenas eles consideram os idosos como mais experientes em caçadas, curandeiros etc.então a diferença é muito grande

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    1. Concordo com você, Ana Clara. É uma forma diferente e muito mais respeitosa de tratar os idosos. Temos muito a aprender com eles, não é mesmo?

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  2. O estatuto do Idoso foi formadpo em 1 de outubro de 2003! Desde então continua! Mas devido a pandemia os direitos deles foram aumentados, pois tem pessoas que não os repeitam! EX: Participando de festas e todo outro tipo de aglomeração tendo pessoas de risco em casa,na família! Tem idosos que realmente tem quem busque coisas necessárias como: Comidas, roupas, coisas de limpeza e etc! Mas a idosos que não tem! E precisa de ir, e isso os expõe ao risco!
    Então vamos no concientizar e tomar mais cuidado, como os indígenas;que tomam cuidado tanto com os idosos como com os jovens!

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    1. É, de certa forma, triste termos que recorrer a leis para proteger os idoso, não é mesmo, Evany? Seria muito mais gentil de nossa parte se esse cuidado viesse de uma preocupação sincera, de uma tomada de consciência, não é mesmo?

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